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Leonardo Boff diz: "Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam." esse tem sido meu lema.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Braille e eu


O BRAILLE E EU

Numa ocasião achavam-se reunidos os professores da rede municipal de Itanhaém, era dia de reunião e capacitação dos mesmos e naquela sala quente e pouco arejada alguém chamou a atenção da professorinha Sara.

Sara era uma mulher sonhadora que gostava de descobrir novas formas de ensinar e percebeu que uma das professoras era sobremodo diferente, não que fosse um E. T., mas era diferente das demais.

Ficou ali observando-a cabelos curtos, olhos castanhos, gestos precisos, voz delicada e de firmeza impar; pareceu-lhe que a olhava também, entretanto: "por que não respondera ao seu gesto?"; "será que não gostava de pessoas tagarelas?"; "talvez tenha estado desatenta e a mulher a houvesse cumprimentado e estando atenta a outros detalhes não notara... era isso, só podia ser isso".

Maria Isabel apresentou-se era a pedagoga Isabel que ministraria aulas do Sistema Braille aos interessados, estaria a disposição para responder às questões pertinentes e assim que acabara a reunião fora abordada por muitos, então Sara a deixou para falarem outro dia.

No dia marcado estava Sara e muitos outros alunos na primeira aula de Braille, na ocasião Isabel contou-nos um pouco dela mesma e como sendo cega era independente, mãe, pedagoga, professora e enfim, vencedora.

Sara e os demais alunos viam ali um exemplo de ser humano vencedor e humilde; as aulas eram ministradas todas as quintas-feiras das sete às nove e por incrível que se possa parecer Sara, Marlene, Adriana, Daniele e muitos outros alunos eram pontuais e ao final de alguns meses estavam com seus certificados em mãos.

Marlene usou seus saberes para aprimorar seu currículo, Adriana para acrescentar em seus conhecimentos, Daniele aprendeu a usar seus novos conhecimentos em seus trabalhos manuais e Sara quis ir além, apresentou a Unidade Escolar onde lecionava um projeto de leitura inclusiva que tinha por objetivo promover a possibilidade de alunos visuais e auditivos perceberem o mundo sinalizando (utilizando a Linguagem Brasileira de Sinais - LIBRAS) e adaptando formas de utilizar o Sistema Braille, respeitando e valorizando o limite individual, porque esse diferencial é que norteava o principio do saber.

O Sistema Braille adquiriu nova roupagem na sala de aula, os alunos adaptavam materiais recicláveis e escreviam bilhetes entre si e por fim, escreveram um convite à pedagoga Isabel, professora de sua professora em Braille.

Carta recebida, lida e respondida (em Braille) a emoção tomou conta, porque a "professora cega" (pseudônimo que recebeu carinhosamente em LIBRAS) iria visitar a sala da professora Sara e lá os educandos tiveram contato com seus nomes datilografados em Braille, puderam utilizar a máquina Braille, perguntar e elucidar suas possíveis dúvidas quanto ao mundo magnífico dos cegos.

Ficaram todos tão extasiados que um dos alunos escreveu em sua autoavaliação mensal o quanto achou relevante aquele momento e desde então a pedagoga Isabel, a "discípula" Sara e seus pequenos "discípulos" têm tido contato com o Sistema Braille e não o temem como muitos o fazem por pura ignorância.

Ao invés de temer vamos desbravar o desconhecido porque na maioria das vezes eles nos proporcionam momentos indescritivelmente INCRÍVEIS, MAGNÂNIMOS, enfim ÚNICOS.

 AS NOSSAS DIFERENÇAS É QUE NOS FAZEM QUEM SOMOS:

SERES ÚNICOS E PORTANTO ESPECIAIS!

Maria Isabel e eu (prô Sara)
 * História baseada na vivencia pessoal das pedagogas Maria Isabel de Oliveira Santos e Sara Pereira Rufino Mazzei da cidade de Itanhaém/SP.

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